- Flávia Costa
A tristeza
A alegria é fácil de compartilhar, a tristeza não.
Todo mundo quer estar perto da alegria, mas por razões óbvias, não da tristeza.
A alegria voa por conta própria, se espalha e contamina até os desconhecidos –
uma borboleta alegre no Japão faz sorrir até um eremita no Afeganistão!
enquanto a tristeza se enrosca teimosamente em si mesma,
sendo arrancada apenas a duras forças com pinça de precisão.
E assim tbm, por razões óbvias, a tristeza precisa mais de compartilhamento
A tristeza precisa da cirurgia delicada dos abraços,
Dos profundos silêncios amigos compartilhados,
De um olhar compreensivo,
de um sorriso pequeno, sutil, que não faz medo à tristeza,
que não a faz esconder-se de vergonha,
diante das expansivas alegrias alheias.
A tristeza só quer se esconder,
poucos tem o privilégio de conhecer outras tristezas.
A tristeza se esconde e é evitada,
é negada, renegada à sua própria sorte
sozinha nos cantinhos,
pobre tristeza.